José Márcio (Celinho) - Administrador de Empresas, nascido em Quirinópolis - GO.
Renan Contar - Capitão do Exército, nascido em Campinas - SP.

Dia 11# - 30/05/2016

Saída de Rivas às 5:45. Tínhamos pela frente a missão de sair da Nicarágua, atravessar Honduras e dormir na Guatemala. Os trâmites de fronteira sempre nos tomam muito tempo e dinheiro. Por isso saímos bem cedo.
Em Honduras, para entrar no país já é necessário desembolsar quase $40,00 por moto. Não vimos nesse país nada do que nos disseram sobre pobreza e violência. Pelo contrário, nos pareceu organizado e com qualidade de infraestrutura (postos, hotéis, rodovia) e também segurança (policiamento).
Paramos para comer uma deliciosa tilápia hondurenha, servida com fritada de plátanos.
Ao final do dia, tivemos 2 imprevistos: fronteira Honduras/Guatemala fechou às 18hs (chegamos 18:10) e não nos queriam deixar entrar. Nada que uma boa conversa não resolvesse. Depois de passarmos pelos portões, encontramos a Aduana da Guatemala também fechada. Conversamos com o guarda e o mesmo ligou para o Delegado Aduaneiro, que também é motociclista, e saiu de sua casa, a 15km dali, para abrir o escritório e nos atender,
"0800". Claro que isso tudo foi comemorado com uma boa cerveja guatemala ! Gracias Charlie Monzon !
Amanhã o objetivo é entrar no México (500km) e contornar o Caribe.
Odômetro parcial: 850km
Odômetro total: 8.390km


Dia #10 - 29/05/2016

3 países em 1 dia! Saímos bem cedo do hotel em Santiago/Panamá e às 8am já estávamos entrando na Costa Rica - um país pequeno, mas com exuberante beleza natural, banhado por 2 oceanos. 
Na Costa Rica encontramos com o Silvio Abílio, de Itaguara - MG, quem conhecíamos apenas pelo whatzapp (grupo viajantes do alaska), rodando até então sozinho, numa moto igual às nossas. Seja bem vindo Silvio !
Rodamos por 550 km e já entramos na Nicarágua. Aduana complicada, muito burocrática e cara. Só para entrar no país lá se foram 18 dólares. Por estar ficando escuro e relampeando, fizemos a aduana e fomos dormir aqui em Rivas.
Odômetro parcial: 780km
Odômetro total: 7.540km

Dia #9 - 28/05/2016

Acordamos ansiosos por ver nossas motos chegarem logo ao Panamá. O Airsucre 4544 estava previsto para sair de Bogotá às 7:10 e pousar às 8:30. É claro que às 8 em ponto já estavamos dando azia na porta do hangar Tabosa para acompanhar o desembarque. No entanto, fomos surpreendidos com a notícia de que o vôo estava atrasado e que talvez saísse da Colombia às 11h. O pior de tudo é que hoje é sábado e os escritórios aduaneiros/fisco do terminal de cargas fechariam às 13hs e só abririam na segunda. Se o avião não pousasse até 12:30, estaríamos fritos. Com jeitinho brasileiro, entramos no escritório do hangar (cuja entrada era proibida) e logo ficamos amigos dos funcionários. Conseguimos uma via da guia e corremos para garantir os carimbos e fazer aduanas, mesmo sem as motos terem chegado. Aí recebemos a notícia da confirmação do pouso para as 12:30.
Ficamos das 8:00 às 12:30 incomodando os panamenhos do hangar (fazendo uma pressão) e circulando pelas áreas de acesso restrito - no final tudo deu certo e às 13:30 já estávamos saindo com as motos, rumo ao Canal do Panamá.
Aqui o povo é muito divertido e hospitaleiro. Conseguimos pular algumas estapas e o pessoal foi bastante competente na liberação da carga. Na saída do hangar fomos abastecer as motos, pois tiveram de voar quase secas. A fiscal da aduana final nos mordeu US$ 10,00 cada, alegando ter trabalhado após as 13hs. 
Passamos pelo Canal do Panamá e ficamos perplexos com a magnitude e eficiência do projeto. Paga-se U$ 15,00 para entrar no Miraflores e ver de perto os navios serem manejados.

Passeio que vale muito a pena ! Saindo de lá, ainda rodamos mais 280km país a dentro. Amanhã seguimos para a Costa Rica e encontraremos o Silvio, motociclista brasileiro que também vai ao Alaska e quer cruzar a americana central conosco.
Odômetro parcial: 280km
Odômetro total: 6.760km

Dia #8 - 27/05/2016

Dedicamos o dia todo para o despacho das motos ao Panamá. Aos que não sabem, não existem estradas mapeadas/oficiais que liguem a Colombia ao Panamá - trata-se do "Darien Gap": região fronteiriça dominada pelo narcotráfico/FARCS, onde não é recomendado passar, ainda mais de moto. Há relatos dos que tentaram passar e nunca mais voltaram. Existem várias maneiras de evitar o temível "Darien Gap": por meios marítimos ou aéreos. Por problemas de tráfico de drogas, o ferry boat que operava Cartagena - Colón foi descontinuado. Os fretes marítimos de carga convencionais demoram ao menos 3 dias. Nos restou a opção aérea, operada pela Air Cargo Pack, do Capitão John Agudelo, que muito bem nos recebeu e cuidou de todo o desembaraço de exportação das motos ao Panamá.
Chegamos às 8am na empresa, localizada no terminal de cargas do aeroporto El Dorado e passamos o dia cuidando da papelada, junto a um despachante da empresa. No intervalo do almoço, fomos comprar as passagens para o Panamá, pois não foi autorizada nossa ida no avião de carga, junto com as motos, haja vista que está proibida a chegada de estrangeiros por meios não convencionais ao país panamenho. As motos devem chegar com o mínimo de combustível no tanque e sem galões reserva. Já sabendo disso, abastecemos 450km antes de bogotá e secamos os rotopax reserva. Os equipamentos (capacete, bota, jaqueta) podem ir juntos na moto, pois a mesma é embalada em um filme plástico.
O país de Pablo Escobar tem um controle muito rígido sobre a questão de narcóticos. Toda nossa bagagem foi inspecionada e farejada por um labrador. No entando, fomos muito bem tratados pelas autoridades locais, principalmente após os mesmos receberem como "regalo" nossos adesivos da viagem. Ficaram mais interessados em perguntar sobre as motos/viagem do que realmente olhar nas entranhas das bagagens.
Enfim, depois de inspecionados, já as 17hs, voltamos para o escritório da Air Cargo Pack e liquidamos a fatura. O nosso vôo sai hoje às 22:35 (Avianca) e o das motos sai amanhã às 7am, chegando às 8:30 no Panamá. De lá, pegaremos as motos e vamos visitar o Canal e seguir viagem rumo ao Alaska.
Atualizando em tempo ... O vôo foi ótimo e já estamos no Panamá. Temperatura: 25ºC. Já na ansiedade por ver nossas máquinas chegando bem amanhã ...
Odômeto parcial: 0 km
Odômetro total: 6.480 km
Chopps de ontem pra hoje: 12


Dia #7 - 26/05/2016

Acordamos às 4:30 e saímos logo em seguida. A missão de hoje foi cruzar o extenso país andino e chegar à capital Bogotá. O problema foi enfrentar as infinitas curvas, trânsito pesado de caminhões e um tempo instável: choveu boa parte do dia e fez muito frio. Pilotar molhado até vai .. mas com frio de 7º, é bem doloroso ! Faltando 3 horas para chegar, o tempo firmou e conseguimos chegar secos a Bogotá. Fomos direto para a zona Rosa (bairro turístico) e pegamos um bom hotel na cara do gol: vizinho do famoso restaurante Andrés Carne de Res, onde jantamos. Nossa missão de amanhã é providenciar os trâmites de embarque das motos, que irão de avião até o país vizinho Panamá. Lembrando que não há estrada oficial entre esses países. 
Odômetro parcial: 900km
Odômetro total: 6.480km

Dia #6 - 25/05/2016

Hoje o dia foi cansativo: rodamos 100% do tempo sobre as cordilheiras, subindo e descendo com curvas e muitas cidades. O Ecuador é um país de natureza maravilhosa. Por onde se anda se observa lavouras de frutas, principalmente bananas ! Há muito policiamento e as rodovias são de excelente qualidade. A moeda do Ecuador é o dólar americano e o custo de vida nos pareceu muito barato por aqui. Aqui as motos pagam pedágio U$ 0,20. Às 15hs passamos pela latitude 0º00'00" ou seja, exatamente sob a linha equatorial ! Daqui pra frente, estamos no hemisfério norte. Às 18hs fizemos os trâmites de imigração na Colombia e viemos dormir em Pasto.
Odômetro parcial: 850km
Odômetro total: 5.580km

Dia #5 - 24/05/2016

A noite de sono no Casa Andina foi merecida. Acordamos renovados e prontos para seguir viagem. Vale deixar registrado que, muito embora pareça cansativa a rotina de pilotar o dia todo, a viagem de moto é dinâmica e nos proporciona momentos incríveis, reforça a amizade e abre portas pelo mundo. Estar a cada dia mais perto do objetivo (e também mais longe de casa) nos faz dar valor em tudo que nos espera e em tudo que nos fez chegar até ali. Hoje quase não escutamos música ... foi bate-papo o trecho todo (usando o intercomunicador de capacete). Cruzamos a fronteira Peru/Ecuador sem maiores problemas. Amanhã seguiremos viagem até adentrar à Colômbia.
Odômetro parcial: 800km
Odômetro total: 4.730km






Dia #4 - 23/05/2016

Depois de uma noite bem dormida, saímos de Chala e rodamos praticamente o tempo inteiro na Panamericana. As estradas aqui estão excelentes e com bons trechos duplicados. Passamos nos arredores de Lima, desbordando por fora, pois o trânsito lá é muito pesado. Chegamos em Trujillo e pousamos num hotel maravilhoso, da rede peruana Casa Andina.
Odômetro parcial: 1.150km
Odômetro total: 3.930km





Dia #3 - 22/05/2016

Saímos de Desaguadero às 7:30, com o objetivo de chegar à Carretera Panamericana e dormir em alguma cidade de praia no Pacífico. Fazia um frio cortante de 0,5º C e assim ficou por quase toda a manhã. O aquecedor de manoplas não dava conta do recado, sendo necessário colocar as mãos no ar quente que sai do radiador. Hoje fomos de 4.500m s.n.m. a zero, passando por lindas plantações irrigadas, em pleno deserto ! Aliás, os povos andinos sempre foram muito experientes no campo da agricultura, tornando produtivas terras íngremes, desérticas e altas. As estradas aqui no Peru são de boa qualidade, e, assim como na Bolivia, moto não paga pedágio (e o preço dos combustíveis é normal para todos, ufa !)O trecho de cordilheira, apesar de muito bonito e emocionante de fazer, nos tira o rendimento da viagem, pois a velocidade média nesse zigue-zague não passa de 60 km/h. Mas e daí ? Estamos nessa aventura para curtir a viagem e seus momentos !!! Paramos para dormir em Chala, que está a 6 horas de Lima. Amanhã seguiremos na Panamericana, rumo norte, até chegarmos próximo ao Ecuador.
Odômetro parcial: 800km
Odômetro total: 2.780km







Dia #2 - 21/05/2016


Conforme combinado, às 6am ligamos as motos e acordamos todo o residencial do Andres, pois o barulho da partida fez com que disparassem os alarmes dos carros dos moradores. O dia seria longo, pois teríamos que subir a Cordilheira dos Andes e enfrentar o caótico trânsito de Cochabamba e La Paz. Além disso, a subida é feita pela Ruta Nacional 4, por onde passam milhares de carretas diariamente, sem contar com os trechos onde desbarrancam pedras e o asfalto acaba. Fomos de 300 a 4.500 metros em poucas horas e a temperatura beirou 0º C. O ar rarefeito, somado à altitude, torna tudo diferente. A escassez de oxigênio "rouba" alguns cavalos da moto e faz o motor "bater pino" quando aceleramos. No entanto, ela fica mais econômica (+30%), devido à menor resistência do ar. O corpo cansa mais rápido e costuma dar dor de cabeça (o segredo é tomar muita àgua). Conseguimos cruzar toda a Bolívia e já estamos "legalizados" no Peru, terra do ceviche! Aduanas tranquilas (fecham às 20h) e um povo muito amistoso. Pousamos em Desaguadero, às margens do Lago Titikaka, a 3.800m s.n.m. Amanhã desceremos a Cordilheira rumo à Carretera Panamericana, margendo o Pacífico, no sentido norte !
Odômetro parcial: 980 km
Odômetro total: 1.980 km

Dia #1 - 20/05/2016

Enfim o grande dia ! Saímos de Campo Grande às 4:30am, com propósito de chegar cedo em Corumbá-MS para agilizar os trâmites aduaneiros e poder seguir viagem. Tivemos de passar também na Receita Federal, para conseguirmos uma autorização de exportação temporária, haja vista que as motos voltarão de navio ao final da aventura, sem a qual certamente geraria embaraços fiscais e tributários quando fossem importadas novamente ao Brasil. Depois de 5h peregrinando entre os diversos "controles" bolivianos, conseguimos todos os carimbos e zarpamos rumo a Santa Cruz de La Sierra, onde nosso amigo Andres Nacif muito bem nos recebeu em sua casa. As estradas estão em boas condições, mas com muitos animais soltos. A sinalização é confusa e há muitos pedágios, de uma só cabine, onde costumam formar filas enormes (moto não paga e ainda fura pela direita). Para entrar com veículo próprio por aqui, o viajante deve:
1- dar saída na Imigração Brasileira;
2- dar entrada na Imigração Boliviana;
3- seguir até a Aduana pra inspeção do veículo e preenchimento de papéis (pedirão fotocópias de todos os seus documentos);
4- seguir à Polícia de Trânsito em Puerto Quijaro (4km dali) e obter a Ordem de Traslado, pela bagatela de 50 bolivianos (R$ 25). Detalhe: placa estrangeira não pode abastecer em 100% dos postos e ainda paga 150% mais caro na gasolina! Coisas do Evo Morales (um tanto impopular nessa região).
Odômetro parcial/total: 1.000 km.